Dia 40 do lockdown no Reino Unido (ou pelo menos do meu, acho que uns três dias antes de ser oficializado). Mas, por esta altura, mais dia menos dia, já não faz grande diferença.
A vida em Quarentena não é fácil para ninguém. Por aqui, os dias sucedem-se iguais, sem grandes novidades entre eles. Já testei receitas novas, fiz pão e pizza, alguns cursos online, entre mais uns items da minha Bucketlist para estes dias. Faltam ainda muitos, porque o nível de vontade nem sempre está igual. De todo, Tenho dias que quero treinar, ser mega produtiva e, quando chego ao sofá, o mais utilizado objeto da minha casa, não me apetece de lá sair de todo. Felizmente ainda só sucumbi à inércia que este “amigo” produz em mim por duas ou três vezes.
Debato-me diariamente com a muda do pijama para o fato de treino ou a linda “roupa de andar por casa”. Obrigada mãe, por me teres sempre dito que esta última fazia sentido de ter. Faz sim, principalmente para quem, como eu (especialmente agora), gosta de estar confortável (não suporto estar de calças de ganga em casa) e, volta e meia se lembra, que tem mesmo de ir esfregar os puxadores com lixívia – escusado será de mencionar a quantidade de peças que já se tornaram parcialmente brancas.
Nas últimas duas semanas comecei a vir “trabalhar” para a clínica. Coloco em aspas porque, para um dentista, trabalhar sem atender pessoas, não é um trabalho. É algo que temos de fazer para ocupar o tempo, tentar aliviar o NHS e ajudar, dentro das limitações, os pacientes que de nós dependem.
Honestamente, não sei se me sinto mais impotente ao telefone com estas pessoas se fechada em casa sozinha. Se, por um lado, é bom este contacto, por outro, quando já não há nada a fazer além de “pôr a mão na massa”, o desespero é tão grande para eles como para nós. Somos bombardeados de perguntas para as quais não temos resposta – ninguém tem. Se, por um lado, o sistema aqui de criar centros especializados de atendimentos urgentes de MD é uma óptima ideia, por outro, em localidades mais pequenas como esta onde me insiro, longe da capital e das grandes cidades, tem sido mesmo muito difícil. São postas para segundo plano, as coisas ainda não estão ativas, não são “tão” importantes.
No entanto, se conseguir ajudar alguém, nem que seja uma pessoa, mesmo que só com um concelho, já é um dia ganho.
E é nisso que vou pensando. Nisso e no arco-íris.
Porque temos de nos agarrar a estes pequenos sinais que o mundo nos vai dando.
Day 40 of the UK lockdown.
The days follow the same, with no big news between them. I have tried new recipes, made bread and pizza, some online courses, among many more items from my Bucketlist. Many are still missing, because the willingness is not allways the same. I’ve had days that I really want to train, be over productive and, when I reach the sofa, currently the most used object in my house, I don’t feel like getting out of it at all. Fortunately, even soAt least, so far, I’ve managed to only succumb to the inertia that this “friend” causes me a couple of times.
Fortunately, for the past couple of weeks, i’ve been coming into the practice to “work”. Not real dentistry work though, just phone triage of patients with urgent dental issues – something a lot less exciting but it’s wha’s required at the moment. Honestly, I don’t know if I feel more powerless on the phone with these people or at home. If, on one hand, this contact is good, on the other, when there is nothing left to do but “get your hands dirty”, despair is as for them as it is for us. We are bombarded with questions to which we have no answer – no one has. The system of creating specialized urgent care centers for urgent dental issues is a great idea but, in smaller locations like this one where I am located, far from the capital and the big cities, it has been a struggle, like it’s not as much of a priority as it is in other places. But anyway, at the end of the day, if my advice has managed to help the one person, the day has not gone to waste. That’s what’s keeping me going. That and the rainbow. Because we have to appreciate this small things when we are gifted with them, and believe that better days will, indeed, come.
I don’t honestly know whether or not if I feel more powerless on the phone with these people than at home. If, on one hand, this contact is good, on the other, when there is nothing left to do but “get your hands dirty”, despair is as great for them as it is for us. We are bombarded with questions to which we have no answer – no one has. The system of creating specialized urgent care centers for urgent dental issues is a great idea but, in smaller locations like this one where I am located, far from the capital and the big cities, it has been a struggle, like it’s not as much of a priority as it is in other places.
But anyway, at the end of the day, if my advice has managed to help the one person, the day has not gone to waste.
That’s what’s keeping me going.
That and the rainbow. Because we have to appreciate this small things when we are gifted with them, and believe that better days will, indeed, come.