Estou de volta com os meus Posts Mexicanos e, o de hoje, é sobre o nosso segundo passeio desta curta viagem. Para quem não viu o anterior, pode encontrá-lo aqui! Como apenas tínhamos uma semana, tivemos de limitar os passeios feitos, de forma a conseguirmos descansar e aproveitar um bocado o hotel, que também era o objetivo.
O que sabíamos que tinha de ser feito, mesmo que para mim tenha sido repetido, era a visita até Chichén-Itzá, as ruínas Maias que se encontram na província do Yucatán.
A melhor forma de lá chegar é alugar um carro. Conduzir no México é seguro e nada se compara à liberdade e autonomia de ir ao nosso próprio ritmo. Idealmente também, é ir o mais cedo possível, não só para evitar os magotes de pessoas, mas também por causa do calor. Andar a passear debaixo de 400 graus não é muito agradável.
A cidade maior, no caminho, é Vailladolid. A meu ver, merece uma paragem, por ser uma cidade muito característica, com uma praça lindíssima, que faz lembrar as dos vizinhos espanhóis. A praça tem uma igreja e um mercado, e la encontram-se vários cafés e restaurantes bem tradicionais. Infelizmente, desta vez passámos lá de corrida, no regresso da nossa visita, apenas para uma rápida refeição de tacos on the go.
Chichen-Itzá foi um dos mais importantes centros políticos e religiosos dos Maias, tendo sido a capital da civilização maia, que deixou várias ruinas espalhadas pelas selvas, que se estendem até à Guatemala.
O ponto alto é sem dúvida a Pirâmide de Kukulcán (ou El Castillo), que é o templo principal. A sua construção quadrada assenta numa base de mais de 55 metros e é composta por 9 plataformas, que atingem os 30 metros de altura. Em cada face da pirâmide, há uma escada com 91 degraus, de acesso ao templo do topo, perfazendo um total de 365 passos, igual ao número de dias do ano do calendário maia (haab).
Na parte inferior da escadaria norte há duas cabeças de Kukulcán, o Deus maia que dá nome à construção e cuja forma é uma serpente emplumada. Nos equinócios da Primavera e Outono, pode-se ver a a sua forma a passear pelo castelo, num estranho e genial jogo de sombras extremamente bem conseguido. A arquitetura e engenharia desta praça central permite ainda ouvir, em pontos opostos, um eco que imita o chocalho de uma serpente e outro o canto de um pássaro. Atribui-se esta curiosidade à tentativa de os Maias quererem chamar pelo seu Deus.
Um dos grandes destaques vai para o campo onde se realizava o “Jogo de Pelotas”, uma das tradicionais competições desportivas do povo maia, que se tornava uma espécie de ritual. Consistia em passar uma bola de borracha por um pequeno aro instalado numa muralha apenas com o antebraço, ombro ou quadril. O jogo era geralmente acompanhado por um sacrifício humano, geralmente de guerreiros inimigos, com o intuito de realimentar a terra e promover a fertilidade agrícola. Segundo a cultura Maia, os sacrifícios eram essenciais para o equilíbrio e funcionamento do Universo.
Além da pirâmide El Castillo, encontra-se a Praça das Mil Colunas ou Templo dos Guerreiros, um enorme palácio que conta com cerca de mil colunas de sustentação, decorado com cabeças de serpentes. Era utilizado como mercado popular e para as cerimónias de sacrifícios humanos.
Também se pode encontrar um fantástico observatório astronómico do tempo dos maias, uma prova arqueológica da sua engenhosidade na perseguição da compreensão do Universo. Utilizando apenas a observação visual, os maias possuíam conhecimentos astronómicos muito mais avançados que os Europeus, chegando a conseguir calcular, com precisão, o ciclo lunar e solar, setecentos anos antes que nós.
Existem dois cenotes (o cenote Xtoloc e o cenote Sagrado), ambos interditos a banhos. Este último, era frequentemente utilizado para oferendas aos deuses, tendo vários corpos humanos sido lá encontrados.
Por ser tão turístico, existem aqui centenas de comerciantes, a vender diversos souvenirs.
Umas ruínas bem mais pacatas e muito menos visitadas, pelo menos em 2010, são as de Ek Balam (o Jaguar Negro), cuja pirâmide central tem uma forma completamente distinta das outras e podemos subir até ao seu topo.
Aqui, olhando do cimo da pirâmide para o vasto mar de verde em volta, lembro-me de sentir (e perceber) o quão fantásticas eram aquelas construções, perfeitamente camufladas por entre a selva Mexicana.
Dessa vez, visitámos ainda Cobá, também no estado de Quintana Roo. Esta cidade perdeu a sua importância política para Chichén-Itza, mas continuou um local importante para rituais e celebrações religiosas.
Para refrescar do tórrido calor, o cenote mais perto de Chichén-Itza (e talvez o mais bonito da região), é o IK Kil, cujo pequeno diâmetro aliado à enorme profundidade cria um ambiente mistico, só destruído pelo excesso de pessoas presentes. As águas deste cenote tem 130 metros de profundidade e muitos são os mergulhadores que se atrevem a explorar a biodiversidade das suas profundezas. Aqui, mesmo com óculos de snorkel é difícil ver-se alguma coisa, já que é muito escuro.
Para ver peixinhos, nada como o Cenote Azul, super perto de onde estávamos alojados, que é menos profundo e tem uma vasta extensão de águas superficiais, carregadas de imensos peixes coloridos. As suas rochas brancas, aliadas á limpidez da água, conferem-lhe uma beleza inigualável, e nem a chuva que apanhámos à chegada foi suficiente para nos fazer desistir de o aproveitar ao máximo.
E desse lado, quem já conhece (ou gostaria de conhecer) estas belezas do Mundo?!