Tenho andado desaparecida por estes lados. Apesar de ter algumas ideias, não tenho tido propriamente vontade de escrever.
Ando cansada e, apesar de já se começar a desconfinar e a vida a ter alguma normalidade de volta, continuo a sentir-me igual. O facto é que, para mim, até há uma semana atrás, continuava a não me ser permitido ir a casa e, ainda hoje, não consigo ir até à Polónia.
Estes afastamentos forçados, esta sensação de isolamento constante, tem-me feito repensar muito a minha vida como emigrante. O estar longe, o viver afastada de tudo e todos os que amo.
Passar meses a fio, na rotina trabalho-casa, sem ninguém para me dar um beijo ou abraço tem sido para além de difícil. Saber que o Nuno está exatamente igual, ainda faz pior.
Ver a vida a desenrolar-se apenas pelo whatsapp tem sido mais complicado que nunca. Não abraçar a minha melhor amiga nos piores dias da vida dela custou-me horrores. Tal como me custa não partilhar a alegria de fazer festas na barriga das minhas amigas que estão grávidas pela primeira vez.
Penso e repenso, e não chego a nenhuma conclusão simples.
Seria hipócrita se negasse que, ao longo deste ano, o meu maior desejo foi o de voltar a Portugal.
Mas mais ainda seria se, dissesse que o conseguia ter feito sem pensar duas vezes.
Apesar de me mover pelo coração, tenho aprendido a ser, cada vez mais, pragmática e racional.
E, essa parte racional, faz-me ver sempre o óbvio: o maior sacrifício ( o de sair), já está feito. Agora, é fazê-lo valer a pena.